sexta-feira, 23 de março de 2012

Terminava assim a primeira emissora de televisão do Brasil e da América Latina.

A TV Tupi, canal 4 da capital paulista, a primeira TV em língua portuguesa do mundo e a pioneira do Brasil, da América do Sul e do Hemisfério Sul, foi a também a primeira a ser retirada do ar, e isso aconteceu sem haver nenhum tipo de resistência, pois os funcionários já estavam em greve.
Permanece, entretanto, um acervo de duzentos mil rolos de filmes, 6.100 fitas de vídeo tapes e textos de telejornais que contam quase 30 anos de muitas histórias do Brasil e do Mundo.
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Fim.
Divisão do Ativo da Tupi
Após o fechamento da TV Tupi em São Paulo, o governo federal passou o ativo da emissora para empresários a fim de formalizar um lobby com o governo militar.

Neste jogo, estava no páreo o Grupo Abril, a TVS (atual SBT) e o Grupo Bloch . Como na época a Revista Veja estava incomodando o governo com críticas, eles decidiram passar uma nova licença do canal 4 paulistano para a TVS, o canal 6 carioca para o Grupo Bloch e os outros ativos da emissora "prédio, equipamentos e outro canal não utilizado" para o Grupo Abril, toda está história pode ser conferida no documentário britânico “Muito Além do Cidadão Kane”.

Atualmente o prédio da emissora é a sede da Abril Radiodifusão, que gera o canal MTV Brasil.
Apesar de não conseguir a licença do canal 4 em VHF, necessário para realizar o projeto de criação de sua rede de televisão, depois de algum tempo o Grupo Abril conseguiu o seu canal em UHF. Após conseguir seu canal próprio, e com a maturidade da MTV Brasil no mercado, a Abril Radiodifusão efetuou em 2003 o pedido de várias licenças de RTV (retransmissão de canal) em várias localidades do país.

Este é um resumo a ser lembrado. Mas é uma decepção a TV Tupi não estar mais entre nós, principalmente por ser a pioneira, com sigo foi a história e a tradição de um veículo pioneiro, que grandes contribuições estariam dando hoje ao país ao seu povo. A Tupi sempre foi mal administrada, concebida sem concorrência, teve seu auge na década de 1950, sofreu grande concorrência na década de 1960, época revolucionária onde a audiência era pulverizada, nos anos 1970 em constante crise, chegando no início da década de 1980 a falir.

Com a TV Tupi foi a tradição de um ambiente restrito ao prédio onde ficava localizada na avenida Alfonso Bovero, bairro do Sumaré em São Paulo. Acabou-se o tempo em que astros e estrelas da emissora aproveitavam intervalos de trabalho para se reunir e comer algo na esquina onde se localiza até hoje a "Padaria Real".
Além da Saudade, ficou um acervo de 200 mil rolos de filmes, 6,1 mil de vídeo-tape e textos de tele-jornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do Mundo.
Antena da Tupi SP (atual SBT)

A Briga na Justiça contra o 
Governo Federal
Os Diários Associados ganharam na Justiça em 1998, a ação indenizatória contra o Governo Federal, e terão de ser indenizados pela intervenção que resultou na perda de 5 dos 7 canais das Emissoras Associadas, que não enfrentavam dificuldades financeiras na época. Somente a TV Tupi de São Paulo e a TV Tupi do Rio estavam com salários atrasados. No caso do canal 6 carioca, boa parte de suas contas eram pagas pela Super Rádio Tupi do Rio, uma vez que a rádio e a TV faziam parte da mesma razão social (S/A Rádio Tupi). 
Rolls Roys de Chatô em frente as estúdios
Na época, a lei previa que o governo federal teria de nomear um interventor para assumir a administração das empresas em dificuldades, afastando com isso os seus controladores, que a levaram a crise que estavam enfrentado, e somente em caso de falência, que não houve, é que caberia a decisão que foi tomada, o que não era o caso da TV Tupi de São Paulo, e nem da TV Tupi do Rio, pois seus patrimônios, imóveis, equipamentos, instalações, etc., cobriam as dívidas existentes.
 
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  Diários Associados
“Quando a Rede Tupi fechou os Associados foram à falência”. Quantas vezes ouvi essa expressão. Não só de universitários de comunicação, como de profissionais do meio. Metaforicamente pode-se dizer que o conglomerado foi quase à falência. Mas não foi o que aconteceu. Fecharam-se rádios, revistas, jornais e a Rede Tupi na crise que se estendeu até a década de 1980. Mas o grupo, principalmente fora do eixo Rio-São Paulo continua forte, hoje é o sexto maio do Brasil já foi o primeiro. Comandam jornais como “O Correio Braziliense” e “O Estado de Minas”. E investem em televisão ainda. A TV Alterosa, de Belo Horizonte, uma das mais antigas do grupo, continua de pé e é afiliada do SBT - curiosamente a rede que pegou metades das emissoras da antiga TV Tupi. Assim como a TV Brasília, fundada pelos Associados e que chegou a ser vendida para o Grupo Paulo Otávio, foi recomprada no ano passado.
Mas, peço uma correção, porque em metade do “eixo”, os Diários Associados ainda estão bem presentes. No Rio de Janeiro possuem a Super Rádio Tupi AM, o Jornal do Commércio, a Rádio Nativa FM (antiga Tupi FM), o Diário Mercantil e o Monitor Campista.
Ao chegar aos 85 anos, os Diários Associados se “repaginaram”, ganharam nova logomarca e começam novamente seu plano de expansão. Através do site http://www.diariosassociados.com.br/ vocês poderão conhecer mais sobre o grupo, que hoje, aliás, não teme contar sua própria história, independente de qualquer crise que tenha ocorrido.
Hoje os Diários Associados estão presentes em 8 Estados, possuem 15 jornais, 8 emissoras de televisão, 12 rádios, 1 revista, 5 sites, 9 portais, 5 empresas e 1 Fundação (a Fundação Assis Chateaubriand, que preserva a memória do grupo).
Ainda mantém o projeto “Memória Diários Associados” vale a pena dar um pulo no item “Linha do Tempo” do site, que reúne através dos arquivos e acervos de seus veículos a trajetória do conglomerado e a memória nacional. É coordenado pela Fundação Assis Chateaubriand, como já foi falado.
Vale à pena conhecer mais e saber que eles ainda estão por aí, preservando uma parte importante da história da comunicação nacional.
Por Elmo Francfort
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Assis Chateaubriand
Um Brasileiro de Visão!

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